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24 de abril de 2020

A cada 11 minutos, um profissional de enfermagem que trabalha no tratamento contra a Covid-19 busca atendimento psicológico


A rotina de UTIs lotadas, a falta de equipamentos de proteção nos hospitais, o medo de contágio, as horas de plantão e o isolamento da família têm deixado muitos profissionais de enfermagem que atuam no front do tratamento contra o coronavírus com a saúde mental debilitada.

O G1 obteve com exclusividade dados levantados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e ouviu relatos desses profissionais que atuam nas unidades de saúde públicas e privadas no Rio de Janeiro. Leia abaixo na reportagem os depoimentos.
Em 20 dias, 2.533 profissionais de todo o país buscaram atendimento psicológico no programa “Enfermagem Solidária” do órgão, que funciona de forma gratuita durante 24 horas. Isso equivale a uma média de 130 pessoas atendidas diariamente.
Profissionais de saúde na janela do Hospital Raul Sertã, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio (Arquivo)  — Foto: Divulgação/ Prefeitura Nova Friburgo
O Rio de Janeiro está em segundo lugar no número de profissional nessa situação, representando 9,8% da procura (média de 12 por dia), atrás apenas de São Paulo, que tem 25,2% dos casos.
Na avaliação dos especialistas do Cofen, os problemas psicológicos são agravados porque esses profissionais não conseguem afastamento de seu local de trabalho.

“Muitos estão com depressão, pânico, alto nível de ansiedade, estresse e insônia e ainda sofrem com a rejeição", diz Doris Humerez, coordenadora da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Mental do Cofen.

"As pessoas dizem que aplaudem, mas rejeitam os trabalhadores como se eles fossem passar o vírus. Eles estão além do limite. O mais difícil é conseguir uma licença ou alguns dias de folga para que se recuperem”, emenda Doris.
Hospital Ronaldo Gazolla é referência para pacientes de Covid-19 no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo
Choro e desespero
A especialista revela que, na maioria dos atendimentos, há muito choro e desespero de pessoas que buscam orientações para conseguir seguir na batalha diária. Muitos contatos são feitos de dentro dos hospitais.


Fonte: G1

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