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4 de outubro de 2016

O diabetes pode ser mesmo prevenido?



Há vários tipos de diabetes, mas o mais frequente é o tipo 2. Ele acomete 90% dos casos da doença e é associado a uma predisposição genética que se expressa pela capacidade limitada de produzir a insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas e responsável pelo controle dos níveis sanguíneos de açúcar (glicose). Apesar da predisposição, essas pessoas podem, sim, passar a vida inteira sem desenvolver a doença, se tiverem um estilo de vida que mantenha o organismo sensível aos efeitos da insulina, permitindo que o açúcar permaneça normal apesar de sua capacidade relativamente baixa de secretar o hormônio ou, em alguns, casos, por meio de medicações. Ou seja, o diabetes tipo 2, pode, sim, ser prevenido por meio do estilo de vida.

Com emagrecimento e atividade física
Diversos estudos, entre os quais o DPP (Diabetes Prevention Project), patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde Norte- Americano (INH) demonstraram que a perda de 5% a 7% do peso em pacientes com sobrepeso ou obesidade, associada a 150 minutos de exercícios leves por semana é capaz de prevenir o diabetes em 58% dos indivíduos com alto risco de desenvolver a doença.

Com remédio
Algumas medicações, como a metformina, também podem evitar a evolução do pré-diabetes para o diabetes em 31% dos casos, portanto, com uma eficiência menor que a mudança do estilo de vida. Além disso, a é completamente ineficaz na prevenção do diabetes em pessoas com mais de 60 anos, enquanto emagrecer e fazer exercício é benéfico para todos.

Doença subnotificada
A Sociedade Brasileira de Diabetes estima em aproximadamente 12 milhões o número de portadores de diabetes tipo 2 existentes hoje no país. Em 2035, esse número deverá aumentar para 19,2 milhões. Um agravante é que os sintomas clássicos da doença (sede excessiva, aumento do volume urinário etc.) aparecem apenas quando os níveis de açúcar estão muito altos (acima de 250 mg), os quais podem levar vários anos para ser atingidos. Assim, o diabetes tipo 2 é basicamente uma doença de evolução silenciosa, o que explica o fato de apenas 50% dos pacientes existentes estarem diagnosticados. Além disso, dos diagnosticados, apenas 60% estão sendo tratados e, dos que estão em tratamento, apenas 30% estão com a doença bem controlada.

O risco de desenvolver as complicações do diabetes está ligado ao período de tempo que o açúcar permanece em nível elevado, e não ao fato de sintomas estarem presentes. No Brasil, cerca de 20% dos pacientes já têm algum grau de complicação no momento do diagnóstico.

Diálise e amputação
O diabetes é a principal causa de cegueira, de amputação não traumática de membros inferiores e da necessidade de diálise ou transplante renal. Os Estados Unidos, que têm hoje 24,5 milhões de portadores de diabetes, gastaram, em 2014, quase 200 bilhões de dólares apenas no tratamento do diabetes e de suas complicações.

Estima-se que, em 2035, o número de pacientes com diabetes no mundo que necessitarão de diálise atinja 177,6 milhões de pessoas, o que supera a população da Inglaterra, França e Espanha somadas. Isso representaria um gasto impossível de ser pago pelos sistemas de saúde, de tal modo que, atualmente, a única maneira viável de enfrentar essa epidemia é tentar diminuir o ritmo de crescimento do número de pessoas afetadas. Isso é feito através de campanhas educacionais que estimulam a atividade física e a alimentação saudável.

Assim, o diabetes não é um problema apenas dos portadores e de suas famílias. Em virtude do tamanho da população atingida pela epidemia, do número de complicações a ser tratadas, com um enorme custo em sofrimento humano e econômico, o diabetes é um problema de todos nós.


Fonte: Veja.com

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