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31 de outubro de 2016

Decadência do PT viabiliza vitórias do PSDB



No balanço das eleições municipais, é inegável que o PSDB foi um dos grandes vencedores. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, conseguiu articular a vitória de aliados na capital e em grandes cidades do interior e da região metropolitana. Articulou até a eleição de aliados do PSB. Isso somado vitamina a pretensão presidencial de Alckmin dentro do PSDB.

Ao mesmo tempo, a chamada onda azul não foi boa para Aécio Neves, o presidente do partido. O candidato de Aécio a prefeito de Belo Horizonte, João Leite, perdeu para Alexandre Kalil, do inexpressivo PHS. Lembrança: Aécio foi derrotado duas vezes em Minas em 2014. Perdeu a eleição presidencial para Dilma Rousseff no seu Estado e não elegeu o seu candidato a governador, que foi Pimenta da Veiga.

No entanto, apesar dessa vitória de apadrinhados de Alckmin nas eleições municipais, é Aécio quem controla a máquina nacional do PSDB. Outro complicador: o governador de São Paulo não faz um governo que seja um sucesso de avaliação. Pelo contrário.

A vitória de candidatos do PSDB está mais ligada à decadência do PT, à reprovação da população a candidatos petistas por causa da Lava Jato e da crise econômica. João Doria não se elegeu no primeiro turno em São Paulo porque era o candidato de Alckmin, mas por se vender como um outsider da política tradicional, um gestor extremamente antipetista e conservador.

Como o PSDB sempre foi o rival tradicional do PT, tucanos se beneficiaram do erros do petismo no poder. Essa eleição mostra ser necessária, mais do que nunca, uma autocrítica sincera do PT. O eleitorado hoje confunde o partido com a corrupção. A crise econômica decorreu de uma administração desastrosa feita pela ex-presidente Dilma Rousseff. O PT e Lula a lançaram candidata à reeleição em 2014 já bastante cientes das falhas graves do governo dela.

A Lava Jato prejudicou mais os candidatos do PT, até porque o partido defendeu ao longo de sua história que era diferente dos demais e acabou caindo na gandaia com corruptos e corruptores.

Em resumo, a esquerda perdeu espaço para a direita, mas os resultados eleitorais de 2016 não são garantia de vitória do PSDB ou de Geraldo Alckmin em 2018. Há uma Lava Jato no meio do caminho, que fará revelações sobre tucanos, inclusive sobre o governador de São Paulo.

O PSDB é avalista da administração Temer, que herdou uma crise econômica grave e será cobrado a solucioná-la. Se o presidente Michel Temer não a solucionar, o PSDB terá responsabilidade. Se Temer a resolver, será preciso ver que candidato sairá do campo governista, se um nome como Alckmin ou, por exemplo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Em dois anos, a política brasileira pode mudar muito. E as delações da Odebrecht e uma eventual colaboração do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha podem causar um terremoto.


Fonte: Blog do Kennedy

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