No Dia Mundial de Luta contra as
Hepatites Virais, comemorado nesta terça-feira (28), a Sociedade Brasileira de
Hepatologia (SBH) alerta para a importância de exames que identifiquem a doença
de maneira precoce. De acordo com o ex-presidente da SBH e atual conselheiro da
entidade Raymundo Paraná, as hepatites são situações em que o fígado se
encontra inflamado. Se elas forem crônicas, podem levar o fígado a sofrimento e
a resposta a esse sofrimento é a produção de tecido cicatricial dentro do
fígado, chamado fibrose. E fibrose pode evoluir para uma cirrose hepática, no
futuro, com a continuada agressão ao órgão.
Doenças autoimunes, obesidade e
medicamentos, entre outros fatores, podem causar hepatites. No caso das
hepatites virais, as inflamações são causadas no fígado por cinco vírus (A, B,
C, D e E). “Mas os que preocupam, pelo quantitativo de pacientes acometidos no
mundo todo são as hepatites B e C”, que, juntas, atingem 500 milhões de
habitantes no planeta, informou. No Brasil, 3 milhões de pessoas convivem com a
doença, em especial com a hepatite C, porque houve mudança de paradigma de uma
doença, antes de tratamento muito difícil, que se tornou, recentemente, de
fácil tratamento, com possibilidade de cura superior a 90%, explicou Paraná.
Segundo ele, as hepatites virais B e
C devem ser prevenidas, no caso do tipo B pelo sexo seguro, e ambas pela
vacinação, e lembrou que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem vacinação gratuita
e universal até 39 anos de idade. “Todo brasileiro deve se vacinar”, ressaltou,
e acrescentou que no caso da hepatite C, as contaminações recentes são mais raras.
De acordo com o médico, a maioria dos
2 milhões de pacientes acometidos pela hepatite C no Brasil contraiu a doença
nas décadas de 1970, 1980 e 1990 – “época em que não havia a cultura dos
equipamentos descartáveis, em que as pessoas se tatuavam em locais que não eram
vistoriados pela Vigilância Sanitária. Época em que se utilizava muito seringas
de vidro, material reutilizável em farmácias”. Ele reiterou que todas as
pessoas que tomaram transfusão de sangue antes de 1994, fizeram tatuagens em
locais não fiscalizados, compartilharam seringas e agulhas e tinham hábito de
tomar injeções venosas em farmácias devem fazer o teste para hepatite C.
A SBH preconiza algo que a França e
os Estados Unidos recomendaram há três anos, que todos os indivíduos acima de
45 anos façam o teste para hepatite C, porque é uma doença silenciosa e o
diagnóstico só pode ser feito por meio de exames laboratoriais. O teste
recomendável para esse tipo de diagnóstico é o anti-HCV. Outros cuidados para
prevenir a doença incluem usar e exigir sempre materiais perfurocortantes
descartáveis e esterilizados. Inclusive, em manicures e pedicures, as pessoas
devem levar o seu próprio material.
De acordo com o especialista, as
pessoas não podem partilhar instrumentos perfurocortantes, “nem no seio da
família”. Entre eles, listou lâminas de barbear, tesouras de unha. Do mesmo
modo, usuários de drogas não devem compartilhar agulhas, seringas e
equipamentos.
Na fase aguda das hepatites virais,
algumas pessoas podem apresentar icterícia (olhos amarelos) e urina escura.
Quando a doença evolui para a forma crônica, em especial nas hepatites B e C, a
evolução é silenciosa, como costuma ocorrer com as demais doenças do fígado. “O
fígado não dói, não dá boca amarga, não dá mancha na pele, nem azia nem má
digestão. O fígado é um órgão silencioso”, segundo ele, e recomenda atenção a
sinais de fadiga, que é o principal sintoma da hepatite viral.
Paraná reforçou que a melhor maneira
de rastrear a doença é por meio dos exames AST, ALT, anti-HCV, AgHBs. “São quatro
exames mágicos que permitirão rastrear se o indivíduo tem uma doença no fígado,
ainda nas fases precoces”, enfatizou. Os exames estão disponíveis no SUS e
precisam ser utilizados com mais frequência e solicitados por todos os médicos,
independentemente da sua especialidade, sugeriu.
Fonte: Imirante.com
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